O HOMEM COMO PRODUTO DA HERANÇA CIENTÍFICA OCIDENTAL
Nosso modo de pensar tem por base os modelos científicos usados pelos físicos para descrever o universo físico.
O MÉTODO CIENTÍFICO OCIDENTAL busca a concordância entre as provas matemáticas e experimentais. Não as encontrando, postulam-se novas teorias e busca-se comprovação científica para as mesmas.
Isso faz do método científico ocidental um instrumento muito eficiente para uso prático, capaz de conduzir a invenções como o uso da eletricidade e a utilização de fenômenos subatômicos na medicina, tais como os raios X, as sondas e os lasers.
À proporção que o nosso conhecimento avança, são descobertos novos fenômenos que não podem ser descritos pelas teorias existentes. Postulam-se novas teorias e busca-se sua comprovação. As novas experiências são aceitas como leis físicas. É um processo que dilata nossas perspectivas, desafiando nossa forma limitada de pensar. Incorporamos as novas idéias à vida diária e passamos a ver de forma diferente.
Atualmente, a visão científica da realidade defende a idéia de que somos compostos de campos de energia . Estamos começando a experimentar uma visão holográfica do universo: todas as coisas estão interligadas. Isso corresponde a uma experiência holística da realidade.
Vejamos, contudo, um pouco da nossa história:
FÍSICA NEWTONIANA
Até recentemente, quando as religiões orientais começaram a ter um impacto maior sobre a nossa cultura, grande parte da nossa auto-definição (em grande parte inconsciente) se baseava no modelo mecanístico (fins do séc.XVII até séc. XIX)
HOMEM = objeto sólido
O UNIVERSO era entendido como um imenso sistema mecânico que funcionava de acordo com as leis do movimento de Newton. O Universo era compreendido como um composto de blocos de construção chamados átomos . Acreditava-se que os átomos newtonianos se compunham de objetos sólidos - um núcleo de prótons e nêutrons com eléctrons girando em torno do núcleo de maneira similar à terra viajando em torno do sol.
A mecânica newtoniana descreveu com propriedade os movimentos dos planetas, das máquinas mecânicas e dos fluídos em movimento contínuo. Defendiam as idéias do tempo e do espaço absolutos e dos fenômenos físicos rigorosamente causais da natureza. Tudo podia ser descrito objetivamente. Ainda se desconheciam as interações da energia e da matéria, como o rádio que toca música em resposta a ondas invisíveis. Não se questionava o fato de que o próprio experimentador pode influir nos resultados experimentais, como os físicos finalmente demonstraram .
Grande parte de nossa vida diária ainda funciona de acordo com a mecânica newtoniana. Nossos lares são newtonianos. Experimentamos nossos corpos de maneira mecânica. Parte de nossa experiência é definida em função do espaço tridimensional e do tempo linear absolutos, pois todos possuímos relógio. Precisamos deles para viver nossa vida como a estruturamos - de modo linear. Quando corremos de um lado para o outro para chegar “a tempo”, estamos agindo de modo mecânico e perdendo de vista a experiência humana mais profunda.
TEORIA DE CAMPO
No início do séc. XIX, descobriram-se novos fenômenos físicos que não podiam ser descritos pela física de Newton.
A descoberta e a investigação de fenômenos eletromagnéticos levaram ao conceito de um campo.
CAMPO - Condição do espaço capaz de produzir uma força.
A mecânica newtoniana interpretava a interação das partículas, carregadas positiva e negativamente, como prótons e eléctrons, dizendo que os dois tipos de partículas se atraem como duas massas.
Faraday e Maxwell desenvolveram o conceito de campo, dizendo que cada carga cria uma “perturbação” ou uma “ condição” no espaço à sua volta, de modo que a outra carga sente uma força.
Nasceu, assim, o conceito de um universo cheio de campos criadores de forças, que interagem umas com as outras.
Surgia uma estrutura científica capaz de explicar nossa capacidade de influir uns nos outros à distância, sem a utilização da fala e da visão.
Começamos a admitir que somos compostos de campos. Sentimos outra presença no ambiente sem ver nem ouvir ninguém ( interação de campo); sentimos boas e más vibrações, falamos em mandar energia para os outros, ou em ler seus pensamentos. Percebemos rapidamente se gostamos ou não de uma pessoa , se nos daremos bem ou mal com ela. Esse “saber” pode ser explicado pela harmonia ou desarmonia de nossas interações de campo.
RELATIVIDADE
Em 1905 Albert Einstein publicou a sua Teoria Especial da Relatividade e colocou em cheque os principais conceitos da ótica newtoniana.
De acordo com essa teoria o espaço não é tridimensional e o tempo não é uma unidade separada. Intimamente ligados, formam um contínuo tetradimensional, o “espaço-tempo”. Nunca podemos falar de espaço sem falar de tempo e vice-versa. Além disso, o tempo não é linear nem absoluto. O tempo é relativo.
Movendo-se a velocidades diferentes em relação aos eventos observados, dois observadores ordenarão diferentemente no tempo uma série de eventos.
Ainda não integramos essas descobertas em nossa vida cotidiana. Quando temos uma visão psíquica, por exemplo, tendemos a invalidá-la verificando o relógio,a data etc.
"Já é tempo de parar de invalidar a experiência que extrapola a maneira newtoniana de pensar e alargar a estrutura da realidade".
Outra conseqüência da teoria da relatividade é a compreensão de que matéria e energia são intercambiáveis. A massa é uma forma de energia. A matéria é a energia desacelerada ou cristalizada. Nossos corpos são energia.
PARADOXO
Na década de 1920 a física ingressa na realidade do mundo subatômico. Muitas vezes, numa experiência, a natureza respondia com um paradoxo. Os físicos acabaram por compreender que o paradoxo faz parte da natureza do mundo subatômico, o qual fundamenta toda a nossa realidade física.
Ao se tentar provar que a Luz é uma partícula, por exemplo, uma pequena alteração na experiência pode provar que a luz é uma onda. Para descrever o fenômeno da luz, portanto, terão de ser usados tanto o conceito de partícula quanto o de onda. Entramos num universo baseado no conceito da complementaridade.
Max Planck descobriu que a energia da radiação do calor ( aparelho de aquecimento) não é emitida continuamente, mas toma a forma de “pacotes de energia”, chamados quanta . Segundo Einstein, todas as formas de radiação eletromagnética aparecem como ondas, e também como quanta. Esses quanta de luz, ou pacotes de energia, são partículas genuínas. A partícula, que é a definição mais aproximada de “coisa”, é um pacote de energia.
Os físicos verificaram que a matéria é completamente mutável e que, no nível subatômico, não existe em lugares definidos, mas mostra “tendências” para existir. Todas as partículas podem ser transmutadas em outras partículas. Podem ser criadas a partir da energia e dissipar-se em energia.
É um mundo de opostos “aparentes” que se completam, e não de opostos “verdadeiros”. O dualismo nos conduz à unidade.
ALÉM DO DUALISMO - O HOLOGRAMA
As partículas podem ser ondas porque não são ondas físicas reais, como as do som ou da água, mas ondas de probabilidade. As ondas de probabilidade não representam probabilidades de coisas, mas probabilidades de interconexões. Dizem os físicos que não existe nada parecido com uma “coisa”. O que chamamos de “coisas” são, na realidade, “eventos” ou caminhos, que podem tornar-se eventos.
O universo inteiro parece uma teia dinâmica de modelos inseparáveis de energia.
Assim, nada existe parecido com uma parte. Não somos partes separadas de um todo, somos um Todo.
O físico Dr. David Bohm fala numa “ordem envolvida implícita” que existe num estado não-manifesto e é o fundamento sobre o qual se assenta toda a realidade manifesta. À realidade manifesta ele chama “a ordem desenvolvida explícita”. “Vê-se que as partes estão em conexão imediata, na qual suas relações dinâmicas dependem, de maneira irredutível, do estado de todo o sistema...Desse modo, somos levados a uma nova noção de completude indivisa, que nega a idéia clássica de que o mundo é analisável em partes que existem separadas e independentemente.”
Diz o Dr. Bohm que a visão holográfica do universo é uma base para se começar a compreender a ordem envolvida implícita e a ordem desenvolvida explícita. O conceito de holograma assevera que cada pedaço representa exatamente o todo e pode ser utilizado para reconstruir o holograma inteiro.
O Dr. Karl Pribam, renomado investigador do cérebro, acumulou provas de que a estrutura profunda do cérebro é essencialmente holográfica.
COERÊNCIA SUPERLIMINAR
Em 1964, Bell sustenta que as partículas subatômicas estão ligadas de um modo que ultrapassa o espaço e o tempo, de modo que o que acontece numa partícula interessa a outras. O efeito, imediato, não precisa de tempo para ser transmitido.
Segundo Einstein, uma partícula não pode viajar mais depressa do que a velocidade da luz. Segundo Bell, os efeitos podem ser superliminares ou mais rápidos que a velocidade da luz. O teorema de Bell foi comprovado experimentalmente. Falamos de um fenômeno que está fora da teoria da relatividade de Einstein. Tentamos chegar além da dualidade onda/partícula.
Estamos ingressando num período de grandes mudanças. Se os físicos aprendem como funciona a coerência instantânea, é possível que aprendamos a perceber, nossas conexões instantâneas com o mundo e conosco. Isso revolucionaria a comunicação e alteraria nosso modo de interação. A conexão instantânea levar-nos-ia a ler as mentes uns dos outros . Poderíamos conhecer o que se passa nos outros e compreender-nos de maneira mais profunda. Poderíamos verificar, o modo com que nossos pensamentos, sentimentos ( campos de energia ) e atos interferem no mundo.
CAMPOS MORFOGENÉTICOS
Sheldrake sugere a hipótese de que todos os sistemas são regulados não somente por energia e fatores materiais, mas também por campos invisíveis de organização.
Esses campos, causativos por servirem de esquemas para a forma e o comportamento, não têm energia no sentido normal da palavra, porque o seu efeito atravessa as barreiras do tempo e do espaço normalmente aplicadas à energia. Isto é, seu efeito é tão forte a grandes distância quanto à queima roupa.
De acordo com essa hipótese, toda vez que um membro de uma espécie aprende um novo comportamento, modifica-se o campo causativo da espécie, ainda que ligeiramente. Se o comportamento se repetir durante o tempo suficiente, sua “ressonância mórfica” dirá respeito à espécie inteira.
Essa matriz invisível foi chamada “campo morfogenético” .
morph - forma
genesis - vindo a ser
A ação desse campo envolve “ação à distância” tanto no espaço quanto no tempo. Em lugar de ser determinada por leis físicas alheias ao tempo, a forma depende da ressonância mórfica através do tempo. Isso quer dizer que os campos mórficos se propagam através do espaço e do tempo e que os eventos passados influenciam outros sucessos em toda parte.
Um exemplo disso, hoje conhecido como o Princípio do Centésimo Macaco, é descrito por Lyall Watson : depois de um grupo de macacos aprender um novo comportamento, de repente, outros macacos, em outras ilhas, sem nenhum meio possível de comunicação “normal” entre eles, aprendem o mesmo comportamento.
Dr. David Bohm assevera que o mesmo vale para a física quântica.
REALIDADE MULTIDIMENSIONAL
Sarfatti sugere que a coerência superliminar pode existir através de um plano mais elevado da realidade. Sugere ele que as “coisas” são mais ligadas e os acontecimentos mais “correlacionados” num plano de realidade “acima” do nosso, e que, nesse plano, as “coisas” estão ligadas por meio de um plano ainda mais elevado. Assim, atingindo um plano mais alto, compreendemos como funciona a coerência instantânea.
CONCLUSÃO
Os físicos afirmam que o universo é um conjunto inseparável, uma extensa teia de probabilidades que interagem entre si e se entrelaçam. O trabalho de Bohm mostra que o universo manifesto emerge desse conjunto.
Sendo partes inseparáveis do Todo, podemos entrar num estado de ser holístico, ser o todo e absorver os poderes criativos do universo para curar instantâneamente alguém em qualquer lugar.
Precisamos abrir mão das limitadas definições do eu, baseadas na visão newtoniana de partes separadas, e aceitarmos o fato de que somos campos de energia.
Baseados no modelo de Sarfatti, à proporção que nossa percepção avança para freqüências mais altas, nós nos tornamos mais e mais ligados, até nos identificarmos, finalmente, com o universo.
Bibliografia:
BRENNAN, Barbara Ann. Mãos de Luz - Um Guia para a Cura através do
Campo de Energia Humana. São Paulo. Pensamento, 1987.
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